segunda-feira, 18 de junho de 2007

Dicas básicas para um edifício sustentável

Por Arq. Iberê M. Campos
Quando se fala em edifício sustentável muitos já pensam em técnicas sofisticadas, mas há premissas básicas que qualquer obra moderna deveria atender, desde a compra do terreno até a construção, passando pela arquitetura. Veja esta lista de sugestões para criar um edifício mais sustentável, economizando ao mesmo tempo em que o meio ambiente também agradece.
• Localização urbana -- A posição de um edifício em relação ao sol e aos ventos é muito importante e vai determinar várias das necessidades térmicas dos espaços internos. Há inclusive normas específicas para determinar o quanto de energia térmica cada fachada recebe ao longo dia em cada estação do ano.
• Circulação na região -- Devem ser preferidos locais arejados, com pouco trânsito e bem servidos em termos de transportes públicos. Com isto, haverá menos poluição e melhores alternativas de locomoção.
• Orientação e insolação -- A energia solar é importante, mas na medida certa. Aqui no hemisfério Sul, o ideal é ter os ambientes nobres voltados para a face norte, que são frias no verão e quentes no inverno.
• Proteção contra o sol -- Devem ser planejadas proteções nas janelas voltadas para que não recebam tanto sol no Verão. Pode-se usar varandas, brise-soleils, persianas ou vegetação.
• Proteção contra ventos frios -- O lado Sul da habitação deve ser reservado a ambientes transitórios como banheiros, despensas, cozinhas e outros cômodos que necessitem de poucas aberturas para o exterior. Aqui no Brasil, especialmente na região Sul e Sudeste, o vento frio vem predominantemente do sul, e deve-se prever proteções como vegetação ou muros caso não se possa usar esta face para os ambientes já citados. Com isto diminui-se a necessidade de calefação.
• Fachadas -- Áreas envidraçadas causam grandes ganhos térmicos na estação quente e perdas térmicas muito consideráveis durante a estação fria, o que implica sistemas de climatização adicionais para corrigir o efeito. Como sugestão, a área envidraçada de um ambiente não deve ultrapassar 15% de sua área de pavimento.
• Iluminação natural -- Prefira áreas iluminadas naturalmente para minimizar o uso de iluminação artificial.
• Lâmpadas adequadas -- Opte por lâmpadas de baixo consumo e procure usar iluminação localizada, colocando luz só onde seja de fato necessária.
• Eletrodomésticos de baixo consumo -- No que diz respeito ao consumo de energia, use os aparelhos mais eficientes que puder adquirir. Note que, ao contrário do que se pensa, nem sempre os mais eficientes são necessariamente os mais caros.
• Cuide do isolamento térmico -- Fator determinante para evitar perdas de calor no Inverno e ganhos de calor no Verão, a idéia é manter uma temperatura constante no interior do edifício. Preferir materiais de isolamento com um baixo índice de condutibilidade térmica (U-value) mas com baixo teor de energia incorporada (energia consumida desde a extração da matéria prima até ao produto final). Em termos de alvenaria, os tijolos de barro maciço são uma ótima opção, já que não podemos mais usar paredes de taipa de pilão como nossos colonizadores...
• Caixilhos e vidros -- Em termos de conservação de energia, preferência para vidros são fabricados de forma a promover redução da transmissão térmica. Vidros duplos são indicados do ponto de vista de conservação de energia, mas é conveniente usar caixilhos com grelhas de ventilação, para facilitar a renovação do ar sem a necessidade de exaustão mecânica.
• Materiais de construção -- Prefira os de baixo impacto ambiental, não só na sua produção mas também ao longo da sua vida útil. Informe-se sobre a questão da reciclagem, prefira aqueles vindos de processos que utilizem material reciclado e/ou que gerem resíduos não agressivos ao ambiente e que possam ser reciclados posteriormente.
• Cobertura -- Verifique que a cobertura do edifício tenha isolamento adequado, tanto em relação ao calor adequadamente isolada (poderá fazê-lo através da FTH). Prefira um isolamento durável e resistente à água, preferencialmente colocado sobre uma camada impermeabilizada logo acima da laje.
• Isolamento do solo -- No pavimento térreo e em todos os pisos que tenham contato direto com o solo, opte por materiais resistentes à água. Se a região for de clima frio, cuide do isolamento térmico também, usando materiais que evitem perdas térmicas ou então use porões ou caixões perdidos..
• Ventilação -- Uma edificação com ventilação insuficiente poderá reter umidade do ar afetando o conforto e até mesmo a saúde dos habitantes. Os caixilhos devem ter dispositivos que permitam ventilação ou então deve existir um sistema de renovação mecânica de ar.
• Cores -- As cores das fachadas e das coberturas influenciam diretamente o conforto térmico. Considere que as cores claras não absorvem tanto calor como as mais escuras, uma fachada branca absorver só 25% do calor do sol enquanto que a mesma fachada na cor preta pode absorver até 90% de calor.
• Energia renovável -- Procure usar equipamentos que funcionem à base de energia renovável. Algumas sugestões: Colectores solares térmicos -- Captam a energia do Sol e a transformam em calor, poupando até 70% da energia necessária para o aquecimento de água. Painéis solares fotovoltaicos -- Por meio do efeito fotovoltaico a energia do Sol é convertida em energia eléctrica. Podem ser utilizados inclusive em locais isolados, com ou sem rede elétrica ou como sistemas ligados à rede. Bombas de calor geotérmicas -- Sistemas que aproveitam o calor do interior da Terra para o aquecimento do ambiente. Mini-turbinas eólicas -- Geram eletricidade a partir da energia do vento, muito usadas nos EUA e na Europa. Podem reduzir o consumo de eletricidade de 50% a 90%. Sistemas de aquecimento a biomassa -- Pode ser utilizada, por exemplo, em sistemas de aquecimento representando importantes vantagens económicas e ambientais.
• Poupe água -- Use louças sanitárias que funcionem com pouca água, e instale sistemas de regulagem do fluxo de água nas torneiras. A ecologia e seu bolso agradecem!
• Use a água da chuva -- Se vai construir e tem terreno disponível, existe a possibilidade usar mini-estações de tratamento de água ou cisternas de armazenamento de águas pluviais, para posteriores utilizações em descargas não potáveis como jardim, bacias sanitárias ou lavagem de automóveis. Além de diminuir o consumo de água da rede pública, a retenção de águas pluviais dentro do lote diminui o volume de água jogado nas vias públicas, diminuindo as enchentes comuns nas áreas urbanas no Brasil.
• Recicle o lixo -- Em comdomínios, preveja espaço destinado à separação de resíduos domésticos para facilitar a reciclagem. Ao construir procure adotar ao menos algumas destas posturas. É muito mais caro reformar um edifício com novos princípios do que aplicá-los logo a partir do projeto. A redução de consumo de energia e a diminuição de resíduos lançados no meio ambiente beneficia a todos, inclusive o proprietário do imóvel.

http://www.forumdaconstrucao.com.br/conteudo.php?a=23&Cod=89

O que é Arquitetura sustentável?


Por Arq. Iberê M. Campos
Além da necessidade de atrair os consumidores, a atitude reflete um movimento que cresce ano a ano, o de consciência sobre a necessidade de preservação do ambiente natural. Sabe-se que não há como construir sem causar impacto, mas sempre é possível reduzir os danos e, quando estes forem inevitáveis, pode-se pensar numa compensação. É a partir deste pensamento que surge o conceito da arquitetura sustentável, com suas várias tendências. Mas não se pode confundir arquitetura sustentável com bioclimática ou ecologia, são ciências correlatas mas diferentes. O apelo ecológico vem norteando diversos projetos arquitetônicos, tanto em empreendimentos residenciais quanto comerciais e industriais. Além de uma legítima preocupação com o meio ambiente e a diminuição do consumo de energia, a preocupação tem também um lado puramente comercial por ser “politicamente correto”. Assim, o mercado oferece desde tintas a base de água -- não tão ecológicas assim, segundo os especialistas -- até fios que não provocam fumaça tóxica, passando por vasos sanitários econômicos e sistemas alternativos tratamento de água e de de geração de energia. Atualmente, entende-se arquitetura sustentável como um conjunto de tecnologias que envolvem coisas tão aparentemente distintas como a engenharia civil e filosofia. Para quem se lembra, a arquietura sustentável é uma vertente da idéia expressa em 1987 no Informe Brundtland, onde se prega o uso dos recursos disponíveis na natureza para atender as necessidades de sobrevivência do Homem mas, ao mesmo tempo, preservando o planeta para gerações futuras, com atitudes sustentadas por um tripé – as soluções devem ser socialmente justas, ecologicamente corretas e economicamente viáveis. O custo das opções adotadas no projeto e na construção propriamente dita pode variar muito, indo de zero a milhões. Depende do nível de informação, de conhecimento e da disposição de quem está projetando e construindo. Neste contexto, o trabalho do arquiteto é importante pois ajuda a reunir informações que podem estar pulverizadas entre várias especialidades mas que precisam trabalhar em conjunto e, para tanto, precisam ser previstas antes da obra começar. Só para exemplificar, o Projeto Casateliê do Arquiteto Bruno Padovano (fotos acima e ao lado) é uma demonstração de projeto feito deste o começo com a idéia de sustentabilidade. O conceito de sustentabilidade pode (e deve) estar presente em todas as etapas de uma edificação, desde o projeto até seu uso diário, passando pela construção propriamente dita que deve usar métodos e materiais que não comprometam o meio ambiente, tanto do local da obra propriamente dito quanto dos locais de onde os materiais foram extraídos, beneficiados ou fabricados. Obra sustentável sem muito gasto Os defensores da arquitetura sustentável garantem que é possível aderir ao movimento sem gastar fortunas na busca de materiais ditos "ecológicos", ou ter que se aventurar usando materiais alternativos. Para tanto, existem algumas recomendações básicas como, por exemplo: Fundação e estrutura – Usar cimento tipo CP-3 RS32 ao invés do CP-2. Além do CP-3 ser algo como 15% mais barato, sua composição usa entre 35% a 70% de escória da siderurgia, ou seja, resíduos do processo de produção do aço. O CP-3 é mais resistente à ação de substâncias ácidas, sendo portanto indicado para construções nas regiões litorâneas. A fabricação do CP-3 permite economia no consumo de calcário e uma menor a emissão de gás CO2. Argamassa -- Usar cal posolânica na massas de assentamento e de reboque. Este tipo de cal tem 70% de rocha mineral finamente moída em sua composição, o que dispensa o processo de queima no processo de produção, economizando água. Para assentamento de alvenaria, o traço da mistura fica mais econômico - 1 parte de cimento para duas de cal posolânica e 8 de areia. Para o reboco, diminuir a quantidade de areia para 6 partes. Paredes – Devemos preferir materiais a base de terra. Eles permitem melhor “respiração” das paredes, muito melhor do que aquelas feitas com blocos de concreto. O ideal é usar tijolos de solo-cimento que, dependendo do modelo, podem até dispensar a argamassa no assentamento. Este tijolo não precisa usar fogo para ser produzido, e já vem com orifícios para passagem da fiação elétrica e da rede hidráulica. Se não for possível usar solo-cimento, podemos usar, por ordem de preferência, o tijolo de barro cozido, bloco cerâmico e, por último, o de concreto. Esquadrias – Você já deve ter adivinhado -- devemos preferir as de madeira. Para aumentar a durabilidade, usar madeiras de densidade alta ou média. O consumo de energia para fabricar uma esquadria de madeira chega a ser 5 mil vezes menor do que as de alumínio e, de quebra, melhora o conforto térmico da construção. Entretanto, é preciso um tratamento adequado para impedir a degradação da esquadria. Uma solução caseira consiste em passar duas demãos de óleo de linhaça nas que ficarão expostas ao meio ambiente e, se a solução arquitetônica estiver prevendo pintura, usar esmalte sintético a base de água. Revestimentos - Preferir produtos à base de água, pois agridem menos o meio ambiente, a camada de ozônio, o profissional que vai aplicar o revestimento e, claro, também o morador... Hoje há diversas tintas à base de água e também existem vernizes, colas de contato e resinas. Usar esmaltes sintéticos à base de água também para pintar metais e batentes. Para pisos e nas paredes do banheiro e da cozinha deve-se preferir cerâmicas e azulejos com o certificado ISO 14001, o que significa que o fabricante adota medidas de controle sobre o sistema produtivo de forma a ter menos impacto ecológico. Se possível, prefira usar madeira ao invés de cerâmicas nos pisos. Cobertura - Preferência para telha simples, de barro queimado, ao invés das esmaltadas. A aparência pode não ser exatamente a que se espera de uma construção fina, mas o arquiteto pode tirar proveito de sua aparência mais rústica.

http://www.forumdaconstrucao.com.br/conteudo.php?a=23&Cod=48

Construção

Helô Coimbra
Falando em construção civil, terra, bambu e madeira parecem coisa do passado? Pelo contrário. É exatamente desses materiais que abusam as casas e até prédios que começam a surgir nos EUA, Austrália e Europa. O uso desses materiais reflete a tendência de vanguarda da arquitetura que é a construção ecologicamente correta.
Veja alguns exemplos: 20% das novas casas, na Austrália, são de taipa de pilão. Na Califórnia, os mais ricos constróem mansões com técnicas semelhantes às utilizadas nas casas de pau-a-pique do interior do Nordeste. O estado de Nova Iorque criou um programa de dedução de impostos para incentivar a construção de edifícios ecologicamente corretos, num total de 25 milhões de dólares a serem utilizados até 2004. Na Holanda, as 10 torres que abrigam os 2.500 funcionários da sede do ING Group, no sudeste de Amsterdã, construídas em 1987, continuam sendo referência quando se trata de “green building”, ou construção verde. E o bom senso ecológico está chegando ao terceiro mundo: na Colômbia e na Costa Rica, o bambu substitui o concreto em casas e até em prédios.
Parece que, ao contrário do que muitos imaginavam, no futuro, as casas em que vivemos e os escritórios em que trabalhamos, vão ser projetados para funcionar como organismos vivos, especificamente adaptados ao local e capazes de suprir todas as suas necessidades de água e energia, a partir do sol, do vento e da chuva. A arquitetura do futuro vai se inspirar não nas máquinas do século 20, mas nas flores que crescem ao nosso redor.
O que é construção verde? - As construções têm um impacto tremendo sobre o meio ambiente, tanto durante a obra quanto funcionando, depois de concluídas. Construção verde é uma série de estratégias de utilização do solo, projeto arquitetônico e construção em si, que reduzem o impacto ambiental. Os benefícios decorrentes de construir verde incluem:
Menor consumo de energia, Proteção dos ecossistemas e Mais saúde para os ocupantes.
A Environmental Building News, revista on-line especializada no assunto, traz inclusive uma lista de prioridades para a construção verde ou sustentável:
1. Poupe energia – projete e construa edificações de baixo consumo - O consumo contínuo de energia de uma construção é provavelmente o seu maior impacto ambiental. Alguns fatores importantes são o isolamento térmico, janelas de alto desempenho, iluminação natural, recursos renováveis de geração de energia e equipamentos de baixo consumo.
2. Recicle construções já existentes aproveitando a sua infra-estrutura em vez de ocupar novos espaços – As construções já existentes são muitas vezes fontes riquíssimas de recursos materiais e culturais. Em muitos casos, o trabalho e a qualidade dos materiais utilizados são quase que impossíveis de serem duplicados atualmente o que faz com que a restauração seja ainda mais desejável. No entanto, não ignore a prioridade 1 e manuseie de forma adequada os materiais perigosos muitas vezes presentes nessas construções.
3. Pense em termos de comunidade – Para reduzir o impacto ambiental, a questão do transporte merece atenção. Mesmo que seja extremamente eficiente em termos de consumo de energia, até a mais passiva das casas equipadas com energia solar trará um forte impacto ambiental se seus ocupantes tiverem que percorrer quilômetros e quilômetros de carro para o trabalho. As restrições do zoneamento urbano muitas vezes mais atrapalham do que ajudam a diminuir o impacto ambiental. Considere o transporte público, facilite o trânsito de pedestres e de bicicletas.
4. Diminua o consumo de material - Otimize o projeto para aproveitar espaços reduzidos e utilizar materiais com mais eficiência. Quando se trata do meio ambiente, menor é melhor e sejam quais forem os materiais utilizados, é quase sempre melhor usar menos desde que isso não comprometa a durabilidade ou integridade estrutural da construção. Diminuindo a área superficial de uma construção, você diminui o consumo de energia. Diminuir o desperdício, além de ajudar o meio ambiente, reduz o custo. Procure aproveitar bem o espaço e simplifique a geometria da edificação para poupar energia e materiais.
5. Proteja e melhore o local - Preserve ou restaure o ecossistema e a biodiversidade – Nos ecossistemas frágeis ou significativos, esta pode ser a prioridade número 1. Proteja os mangues e outras áreas ecologicamente importantes numa parte da área que será construída. Em alguns casos, é preciso avaliar bem se a construção deve realmente ser feita. Nas áreas ecologicamente danificadas, procure reintroduzir as espécies nativas. Proteja as árvores e a camada superior do solo durante a obra. Evite o uso de pesticidas. Quando houver tratamento de esgoto no local, aja com responsabilidade no que se refere aos despejos. Existem muitas boas novidades nesta área.
6. Escolha materiais de baixo impacto – A maior parte, mas nem todo o impacto ambiental causado pelo material de construção, já aconteceu quando esses materiais são usados. As matérias primas foram extraídas do solo ou das florestas, poluentes foram emitidos durante a fabricação e energia foi gasta durante a produção. Alguns materiais, como os que destroem a camada de ozônio, continuam poluindo durante o seu uso. E alguns materiais têm um forte impacto ambiental na hora do descarte. Evite os materiais que geram poluição durante a fabricação; use materiais de baixo consumo de energia na extração da matéria prima, industrialização e transporte; prefira materiais reciclados; evite materiais que consomem recursos naturais limitados. Evite os materiais feitos com produtos tóxicos ou perigosos.
7. Maximize a longevidade – projete com durabilidade e adaptabilidade – quanto mais tempo uma construção dura, maior o período durante o qual o seu impacto ambiental pode ser amortizado. Quando construir para durar, não esqueça de pensar em como a edificação pode ser modificada para se adaptar a novas necessidades. Escolha materiais duráveis. Construa de forma a evitar a decomposição prematura. Pense na manutenção e substituição dos componentes menos duráveis. Projete uma edificação adaptável, principalmente se ela tiver propósitos comerciais. Considere a estética e prefira a idéia da “arquitetura atemporal”.
8. Poupe água - Projete edificações de baixo consumo – Instale tubulações e equipamentos de baixo consumo. Colete e utilize a água da chuva. Separe a água de pias e chuveiros (as chamadas águas cinzas) e reutilize na irrigação de jardins.
9. Torne a construção saudável – Crie um ambiente interno seguro e confortável – Os ambientes interno e externo estão totalmente relacionados e qualquer construção “verde” deve garantir a saúde de seus ocupantes. Projete o sistema de distribuição de ar para que a limpeza e manutenção sejam fáceis. Evite equipamentos mecânicos que possam introduzir gases de combustão. Controle a umidade para evitar o mofo. Evite materiais que liberam poluentes. Permita que a luz do dia penetre no maior número possível de ambientes. Providencie ventilação contínua. Dê aos ocupantes algum controle sobre o ambiente como o controle do aquecimento e da iluminação.
10. Minimize o desperdício de construção e demolição – Em se tratando de cada vez mais materiais, a separação e reciclagem está compensando, economicamente. Separe os refugos de construção e demolição para reciclagem. Doe o material reutilizável para organizações sem fins lucrativos ou outros grupos comunitários para que possam ser usados.
11. Deixe o seu negócio verde – minimize o impacto ambiental do seu negócio. Divulgue e fale sobre o assunto. Use veículos de baixo consumo para a empresa, incentive o uso do transporte público e a carona. Use papel reciclável. Use o projeto para educar clientes, colegas, prestadores de serviço e o público em geral sobre o impacto ambiental das edificações e como diminuí-lo.
Bambu, o material nobre da construção ecológica
De todos os materiais renováveis utilizados na construção ecológica, o bambu se destaca, por várias razões. Mas principalmente porque é um recurso renovável, com baixo custo de produção e pouco poluente. A partir do terceiro ano após o plantio, o bambu pode ser colhido anualmente - uma árvore demora no mínimo 20 anos para poder ser aproveitada na produção de madeira ou carvão. A utilização do bambu como substituto da madeira pouparia milhões de árvores por ano e, além disso, ele pode ser plantado em áreas onde a agricultura é inviável.
O bambu cresce rapidamente e durante todo o ano. É muito ecológico e mais barato do que a madeira. Outra maravilha que pode ser feita com bambu é papel. A fibra é comprida e cresce depressa, além de ser mais forte do que a de eucalipto. O papel de bambu é mais resistente, e o custo da plantação por hectare é cinco vezes menor do que o custo da produção de eucalipto. Na construção ele também é melhor. Um poste feito com bambu defumado dura 70 anos, mais do que o eucalipto.
Além disso: 1. O bambu suporta mais tração em relação ao seu peso que o aço. 2. O carvão de bambu é eficaz na despoluição de rios e no tratamento de esgoto. 3. Na Colômbia, ele é utilizado para construir casas resistentes a terremotos. 4. Se o bambu desaparecesse de repente da face da Terra, aproximadamente 10% da população asiática ficaria desabrigada. 5. Cerca de 2 milhões de toneladas de broto de bambu são consumidos por ano. 6. O Brasil é o único país das Américas a ter uma grande indústria de papel de bambu, plantado principalmente no Maranhão. 7. O bambu tem alta concentração de substâncias antioxidantes e cerca de 20% de proteína pura.

Argila modificada produz tijolos mais baratos com menor uso de energia

Por Danilo Rocha, da Ascom/UFPE

Em tempos de grandes desastres ambientais, a procura por saídas menos agressivas ao homem e à natureza figuram como as mais viáveis na perspectiva do desenvolvimento. Seguindo essa tendência, o professor do Departamento de Química Fundamental da UFPE, Manfred Schwartz, coordenou a pesquisa “Produção de materiais a partir de barro e/ou argila modificados”. Tal como já é feito em alguns países europeus, a proposta é modificar as características da argila para obter um material mais resistente, com melhor qualidade e que não consuma mais tanta energia.

As atividades surgiram no pólo gesseiro de Araripina, em que foi preciso remover a argila numa espessura de aproximadamente 15 metros acima da gipsita, rocha matriz do material. Para ajudar a atividade econômica da região e seu desenvolvimento sustentável, o projeto consiste em obter a resistência mecânica do tijolo com uma temperatura abaixo da normal. Costumeiramente, é preciso que o forno esteja em uma temperatura de 1000ºC. Entretanto, como não há mais lenha naquela região, o desafio era procurar outras formas de aquecer os fornos.

De acordo com Manfred, a argila que dá forma aos tijolos requer bastante energia para concretizar a sua forma devido à grande quantidade de ferro na sua composição química. Na indústria cerâmica, há o grande problema da única utilização da lenha como aquecedor dos fornos, justificando a necessidade de se chegar a um material com boa resistência mecânica e consumindo por volta de 600 graus.

Os pesquisadores do projeto conseguiram mudar as características da argila e conferiram aos tijolos uma grande resistência, o que, por sua vez, elevou seu preço e legou aos estudiosos o paradoxo entre um material melhor, com menos energia consumida, entretanto mais caro devido à fonte de energia utilizada. A obrigação de pensar em diminuir o custo energético e a degradação ambiental levou os pesquisadores a adotar posturas que coroaram o bem-sucedido projeto, ao se prover o aquecimento dos fornos com energia eólica e solar. Segundo Manfred, a falta de lenha em todos os lugares é um agravante. “Por isso percebemos agora que esse trabalho adquire uma relevância inquestionável, além de alertar que as energias solar e eólica não são empregadas somente na rede elétrica”, atesta o professor. Após a constatação, os custos financeiros obtiveram considerável possibilidade de redução, pois as alternativas evitariam o uso de materiais tão caros e dispensaria o corte de mais lenhas. A equipe da pesquisa construiu fornos alternativos, como os de cerâmica, e iniciou o processo de viabilização das energias menos dispendiosas. Lembrando o processo de pesquisa, o professor Manfred declarou que o primeiro passo da modificação é tecnicamente perfeito e foi essencial a alternativa de outras energias para diminuir custo.

PROCEDIMENTOS - O barro é uma mistura de minérios, areia e argila. A falta dos dois primeiros componentes fornece ao barro aquele estado escorregadio, de onde se obtém a argila pura. A argila é formada por camadas, as quais deslizam em cima das outras ao se acrescentar água, e proporcionam esse efeito escorregadio no material. Os pesquisadores adicionam um modificador, em pequena quantidade, uma espécie de Polímero em Água, ocorrendo a chamada Dispersão Polimérica na composição química da argila, minérios e areia, o que os torna mais homogêneos, menos suscetíveis aos impactos da construção e despendendo menos energia. A equipe do professor Manfred concluiu que a massa normal é muito dura, e com esse trabalho a homogeneidade facilita o trabalho de produção e na construção civil.

A conclusão dos pesquisadores também afirma que a massa mais dura inspira maior cuidado em relação à sua qualidade. Dessa maneira, o estado pós-modificação provocou a homogeneidade do produto exigindo menos calor para que ele seja aquecido, e somando resultados. “Ficamos felizes, pois é tecnicamente perfeito. Foram feitos testes laboratoriais e industriais e os resultados foram satisfatórios”. Com essa modificação, a indústria tem a possibilidade de produzir tijolos uniformes, e mais persistentes às adversidades de clima, tempo e da própria estrutura da construção. Portanto, o processo não somente abaixou a temperatura como forneceu melhoria mecânica ao tijolo. Outra boa notícia da pesquisa foi a larga utilidade do projeto, que não se aplica somente à argila do Araripe. Foram feitos testes na construção civil da Paraíba e provou-se o uso dos tijolos em quaisquer terrenos, além de não se limitar a tijolos e estender-se às outras áreas, como cerâmicas.

Os benefícios de um tijolo mais resistente, mais barato e ecologicamente correto são inúmeros, desde os impactos econômicos até os ambientais. A pesquisa favorece a ascendência da construção civil e acréscimo de mão-de-obra no mercado “com um preço justo e tijolo de qualidade”. Não eximindo a sociedade, o projeto viabiliza tijolos com boa durabilidade, evitando que casas de pessoas pobres sucumbam facilmente, priorizando a construção de habitações baratas e com materiais de única compra.

Finalmente, o uso de menos lenha e menos argila - por causa da sua homogeneidade – pouparia o meio ambiente de sérios danos no futuro e as novas formas de energia diminuem a liberação de CO2 em conjunto com ações de reflorestamento. Contudo, o professor Manfred lamenta que a técnica não seja tão utilizada ao mesmo tempo em que se espalham os efeitos dos problemas ambientais. “Essas secas na Amazônia cada vez mais estranhas, os intensos furacões no Atlântico Norte, são efeitos do descaso com o meio ambiente, que a cada dia tem menos árvores para captar CO2”.

PARADIGMAS – Aproveitando o grande potencial eólico do litoral brasileiro, o professor Manfred e o professor Belarmino Lira, da UFPB, construíram uma pequena usina eólica para incentivar a prática da pesquisa e convidam empresários e sociedade a conhecer e comprovar o quanto é viável para todos. Ainda segundo Manfred, o projeto tem totais condições de ser usado em escala industrial e ilustrar os avanços em diversas áreas do País. “Para isso é preciso quebrar paradigmas, é preciso mudar pensamento. Por isso temos que publicar as vantagens ambientais e econômicas devido aos avanços tecnológicos, redução de custo, melhoria da qualidade de vida e um ambiente mais agradável”.


Argila modificada produz tijolos mais baratos com menor uso de energia
31/10/2005

Por Danilo Rocha, da Ascom/UFPE

Em tempos de grandes desastres ambientais, a procura por saídas menos agressivas ao homem e à natureza figuram como as mais viáveis na perspectiva do desenvolvimento. Seguindo essa tendência, o professor do Departamento de Química Fundamental da UFPE, Manfred Schwartz, coordenou a pesquisa “Produção de materiais a partir de barro e/ou argila modificados”. Tal como já é feito em alguns países europeus, a proposta é modificar as características da argila para obter um material mais resistente, com melhor qualidade e que não consuma mais tanta energia.

As atividades surgiram no pólo gesseiro de Araripina, em que foi preciso remover a argila numa espessura de aproximadamente 15 metros acima da gipsita, rocha matriz do material. Para ajudar a atividade econômica da região e seu desenvolvimento sustentável, o projeto consiste em obter a resistência mecânica do tijolo com uma temperatura abaixo da normal. Costumeiramente, é preciso que o forno esteja em uma temperatura de 1000ºC. Entretanto, como não há mais lenha naquela região, o desafio era procurar outras formas de aquecer os fornos.

De acordo com Manfred, a argila que dá forma aos tijolos requer bastante energia para concretizar a sua forma devido à grande quantidade de ferro na sua composição química. Na indústria cerâmica, há o grande problema da única utilização da lenha como aquecedor dos fornos, justificando a necessidade de se chegar a um material com boa resistência mecânica e consumindo por volta de 600 graus.

Os pesquisadores do projeto conseguiram mudar as características da argila e conferiram aos tijolos uma grande resistência, o que, por sua vez, elevou seu preço e legou aos estudiosos o paradoxo entre um material melhor, com menos energia consumida, entretanto mais caro devido à fonte de energia utilizada. A obrigação de pensar em diminuir o custo energético e a degradação ambiental levou os pesquisadores a adotar posturas que coroaram o bem-sucedido projeto, ao se prover o aquecimento dos fornos com energia eólica e solar. Segundo Manfred, a falta de lenha em todos os lugares é um agravante. “Por isso percebemos agora que esse trabalho adquire uma relevância inquestionável, além de alertar que as energias solar e eólica não são empregadas somente na rede elétrica”, atesta o professor. Após a constatação, os custos financeiros obtiveram considerável possibilidade de redução, pois as alternativas evitariam o uso de materiais tão caros e dispensaria o corte de mais lenhas. A equipe da pesquisa construiu fornos alternativos, como os de cerâmica, e iniciou o processo de viabilização das energias menos dispendiosas. Lembrando o processo de pesquisa, o professor Manfred declarou que o primeiro passo da modificação é tecnicamente perfeito e foi essencial a alternativa de outras energias para diminuir custo.

PROCEDIMENTOS - O barro é uma mistura de minérios, areia e argila. A falta dos dois primeiros componentes fornece ao barro aquele estado escorregadio, de onde se obtém a argila pura. A argila é formada por camadas, as quais deslizam em cima das outras ao se acrescentar água, e proporcionam esse efeito escorregadio no material. Os pesquisadores adicionam um modificador, em pequena quantidade, uma espécie de Polímero em Água, ocorrendo a chamada Dispersão Polimérica na composição química da argila, minérios e areia, o que os torna mais homogêneos, menos suscetíveis aos impactos da construção e despendendo menos energia. A equipe do professor Manfred concluiu que a massa normal é muito dura, e com esse trabalho a homogeneidade facilita o trabalho de produção e na construção civil.

A conclusão dos pesquisadores também afirma que a massa mais dura inspira maior cuidado em relação à sua qualidade. Dessa maneira, o estado pós-modificação provocou a homogeneidade do produto exigindo menos calor para que ele seja aquecido, e somando resultados. “Ficamos felizes, pois é tecnicamente perfeito. Foram feitos testes laboratoriais e industriais e os resultados foram satisfatórios”. Com essa modificação, a indústria tem a possibilidade de produzir tijolos uniformes, e mais persistentes às adversidades de clima, tempo e da própria estrutura da construção. Portanto, o processo não somente abaixou a temperatura como forneceu melhoria mecânica ao tijolo. Outra boa notícia da pesquisa foi a larga utilidade do projeto, que não se aplica somente à argila do Araripe. Foram feitos testes na construção civil da Paraíba e provou-se o uso dos tijolos em quaisquer terrenos, além de não se limitar a tijolos e estender-se às outras áreas, como cerâmicas.

Os benefícios de um tijolo mais resistente, mais barato e ecologicamente correto são inúmeros, desde os impactos econômicos até os ambientais. A pesquisa favorece a ascendência da construção civil e acréscimo de mão-de-obra no mercado “com um preço justo e tijolo de qualidade”. Não eximindo a sociedade, o projeto viabiliza tijolos com boa durabilidade, evitando que casas de pessoas pobres sucumbam facilmente, priorizando a construção de habitações baratas e com materiais de única compra.

Finalmente, o uso de menos lenha e menos argila - por causa da sua homogeneidade – pouparia o meio ambiente de sérios danos no futuro e as novas formas de energia diminuem a liberação de CO2 em conjunto com ações de reflorestamento. Contudo, o professor Manfred lamenta que a técnica não seja tão utilizada ao mesmo tempo em que se espalham os efeitos dos problemas ambientais. “Essas secas na Amazônia cada vez mais estranhas, os intensos furacões no Atlântico Norte, são efeitos do descaso com o meio ambiente, que a cada dia tem menos árvores para captar CO2”.

PARADIGMAS – Aproveitando o grande potencial eólico do litoral brasileiro, o professor Manfred e o professor Belarmino Lira, da UFPB, construíram uma pequena usina eólica para incentivar a prática da pesquisa e convidam empresários e sociedade a conhecer e comprovar o quanto é viável para todos. Ainda segundo Manfred, o projeto tem totais condições de ser usado em escala industrial e ilustrar os avanços em diversas áreas do País. “Para isso é preciso quebrar paradigmas, é preciso mudar pensamento. Por isso temos que publicar as vantagens ambientais e econômicas devido aos avanços tecnológicos, redução de custo, melhoria da qualidade de vida e um ambiente mais agradável”.


http://www.ufpe.br/new/visualizar.php?id=2539

sábado, 2 de junho de 2007

FINEP vai investir R$1 bilhão para inovação tecnológica nas empresas

O orçamento da FINEP para este ano está previsto e aprovado pelo Orçamento da União em R$ 2 bilhões. A metade desses recursos será utilizada em programas desenvolvidos pela financiadora para o apoio à inovação nas empresas em todas as modalidades. A informação foi dada pelo diretor de Administração e Finanças da FINEP, Fernando Ribeiro, a empresários que participam do 2º Congresso Brasileiro de Inovação na Indústria.
De acordo com Fernando Ribeiro, diretor de Administração e Finanças da FINEP, o ministro Sergio Rezende apresentará os dados finais do programa de subvenção econômica da FINEP nesta sexta-feira (27), no Rio de Janeiro (RJ).
Inovação nas empresas
Ribeiro adiantou que a FINEP vai atuar ainda na disseminação das informações sobre o edital. A idéia é que essa disseminação funcione como aconteceu no início dos programas voltados para universidades. Ribeiro contou que, após o término do edital e divulgação dos resultados, foi realizado um levantamento de quais pontos eram mais interessantes nas propostas aprovadas e quais eram os problemas dos projetos não-aprovados. "Era um caso muito novo. Não tínhamos idéia de como seriam as propostas", disse.
Um segundo passo foi, segundo Ribeiro, levar os problemas e os sucessos para as universidades que não tiveram propostas aprovadas. "Nos próximos dias, depois da apresentação dos resultados, vamos iniciar um trabalho semelhante em relação ao edital de subvenção."
A primeira fase do programa de subvenção investirá apenas R$ 145 milhões, dos R$ 210 milhões previstos para a chamada. Segundo a FINEP, muitos projetos não foram aprovados por problemas na elaboração e outros por não atenderem as especificações do edital.

Vale e governo do MA se reúnem na próxima semana

Por Chiara Quintão
O superintendente de Minero-Metalurgia e Construção Civil da Secretaria de Estado da Indústria e Comércio do Governo do Maranhão, Sérgio Antônio da Silva Guimarães, disse hoje que deve ocorrer na próxima semana reunião entre o governo do Estado, a Baosteel e a Companhia Vale do Rio Doce (CVRD). Eles discutirão a possibilidade de construção da Maranhão Steel em Bacabeira e não em São Luís, como previsto inicialmente.
Para sair do papel, o projeto da Maranhão Steel depende da definição de onde a unidade será instalada. A CVRD, que reuniu-se recentemente com o governo do Maranhão, já divulgou que a decisão do local dependerá da Baosteel, sócia majoritária no projeto. O governo do Maranhão defende que a usina seja instalada em Bacabeira. "O governo não descarta que a usina seja construída em São Luís. Estamos em negociação", disse Guimarães.
Ele acredita que a transferência de São Luís para Bacabeira seja "bastante viável". "Se a produção era viável com a placa a US$ 290 por tonelada, imagine a US$ 500 por tonelada."

Brasil poderá movimentar mais de US$ 10 bi em nanotecnologia

Em 15 anos, o Brasil poderá ser responsável por 10 bilhões de dólares (ou 1%) do mercado nanotecnológico, estimado em cerca de um trilhão de dólares. Os dados estão no estudo "Nanotecnologia", coordenado pelo Núcleo de Assuntos Estratégicos (NAE) da Presidência da República, e divulgado nesta sexta-feira, 10/05.
De acordo com os estudos, feitos sob a responsabilidade dos pesquisadores Oswaldo Luiz Alves e Fernando Galembeck, do Instituto de Química da Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP), e Márcia Maria Rippel, do Instituto do Milênio de Materiais Complexos, o País já dispõe de boas condições para sobressair-se no cenário internacional de nanoprodutos, mas precisa, com urgência, considerar alguns aspectos estratégicos:
- estabelecer marcos regulatórios para a atividade nanotecnológica;- maior interação das empresas com os centros de pesquisa;- criar, via BNDES., linhas especiais de crédito para empresas cujos centros de pesquisa estejam comprometidos com estudos de nanotecnologia;- setores nos quais o Brasil poderia dedicar-se mais: fármacos, energia, biomedicina e eletrônica;- conectar as ações de fomento a nanotecnologia à realidade industrial.
A urgência da regulamentação, segundo os estudos, criaria normas ambientais, de segurança dos trabalhadores, de segurança dos consumidores e de privacidade na área de saúde, tanto no serviço público como no setor médico-hospitalar e previdenciário e rural. São regras essenciais para evitar que países mais avançados dificultem exportações do Brasil, ao alegar barreiras fitossanitárias, ou ausência de padronização na fabricação de certos produtos.
O estudo afirma que a nanotecnologia possibilitará oferta de novos produtos ao consumidor, como cosméticos, tecidos mais resistentes, filtros de proteção solar mais eficientes e de maior duração; na medicina, novos marca-passos e remédios contra diversos tipos de câncer. Os especialistas lembram, no entanto, que se a comercialização for demorada o país pode perder muito nesta área extremamente dinâmica.
Há expectativa de grandes inovações para alguns produtos e processos,como em informática,telecomunicações ,química, propriedades de materiais e manufatura de precisão.O Brasil fomenta as atividades de nanotecnologia por meio das agências e fundos setoriais do MCT. Em 2004, foram instituídas a Ação Transversal de Nanotecnologia nos Fundos Setoriais e a Rede BrasilNano. Em 2005, foi lançado o Programa Nacional de Nanotecnologia (PNN) e criado o Centro Brasileiro-Argentino de Nanotecnologia.
O estudo revela ainda que:
- O Brasil dispõe de pesquisadores de qualidade internacional, mercado consumidor significativo e mão-de-obra com custo inferior à média mundial, mas corre o risco de ter empregos e patentes transferidos para outros países;
- Atualmente, os principais setores da indústria em que se aplicam a nanotecnologia são a química e a microeletrônica. Os especialistas apontaram a vinculação do desenvolvimento da nanotecnologia com política industrial (semicondutores e eletrônica), políticas públicas (energia, meio ambiente, fármacos, saúde e alimentação) e setores onde o país apresenta alta competitividade, entre eles o setor químico e o petroquímico. Registra-se, ainda, metal-mecânico, agronegócio, telecomunicações, metalurgia, construção civil, aeroespacial, defesa etc.
- Existem centenas de pesquisadores brasileiros altamente capacitados, com campos de pesquisa relacionados aos estudos de pontos quânticos , nanopartículas e nanocristais, ou seja, cristais cujas dimensões estão na escala nanométrica (1 nanômetro = 1 bilionésimo do metro). Temos, ainda, um número significativo de pesquisadores no exterior, seja em programas de cooperação, seja em programas de doutoramento ou pós-doutoramento.
- As instituições brasileiras mais representativas, por ordem de publicação, que podem variar levemente ao longo dos anos, são: Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), Universidade de São Paulo (USP), Universidade Federal de São Carlos (UFSCar) e Universidade de Brasília (UnB). Destacam-se também: Laboratório Nacional de Luz Síncrotron (LNLS), em São Paulo, Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) e a Universidade Federal de Pernambuco (UFPE).
- No capítulo sobre a nanotecnologia no cenário internacional, o estudo mostra que as regiões mais avançadas na atividade são: América do Norte, com destaque para os Estados Unidos; União Européia, com menção da Alemanha, Reino Unido e França; e Extremo Oriente, com distinção para o Japão e China.
- Os países mais avançados têm programas de nanotecnologia com orçamentos crescentes, no mesmo patamar, ou muito próximos, aos de biotecnologia, de tecnologias da informação e de meio ambiente.
Publicado em 11 de Maio de 2007 no site: